quarta-feira, 22 de julho de 2009

Swine Flu

O hype da vez. As autoridades, claro, tentaram acalmar a geral, dizendo que estava tudo sob controle. O vírus só circulava entre cidadãos que tiveram contato com quem veio de fora. Sim, culpamos os argentinos, afinal nós somos o país do futebol, os donos da bola, a peça principal do quebra-cabeça sulamericano. Pelé sempre foi melhor que Maradona. E não, a gripe suína não estava por aqui.

Mas a outra verdade não resistiu por tanto tempo. O índice de contágio subiu à medida em que os boletins informativos foram ficando escassos. Ninguém sabia nada, quais eram os sintomas ou qual o risco que isso poderia trazer. A pandemia iminente tornou-se realidade. As notícias começaram a pipocar. As pessoas começaram a adoecer. E, consequentemente, obedecendo a imbatível ordem natural das coisas, as pessoas começaram a morrer. E a medida em que o William Bonner nos assaltava em tom sério e funesto, interrompendo nosso jantar para anunciar mais um caso descoberto (seja no Rio de Janeiro ou no Rio Grande do Sul) é que as coisas passaram a ficar mais claras. Quiçá, ameaçadoras, diante dos nossos respectivos narizes.

As pessoas, por sua vez começaram a ficar com medo. Começaram também a ficar gripadas também, mas nada que não seja justificado com um diagnóstico sazonal, até o momento em que começam as complicações. Minha mãe começou a ficar com medo e passou a me mandar usar o casaco mais do que várias vezes, como se isso fosse ajudar alguma coisa. Eu fiquei com medo e me afastei daquele senhor do ônibus, que tossia desesperadamente, como se carregasse um urso que urrava ferozmente em seus pulmões. E talvez fosse um gente boa, viesse a me cumprimentar e eu, por medo - ah, este instinto de defesa que nos acomete nas horas mais difíceis - não lhe estenderia a mão. Inventaria uma desculpa, diria que aquelas sacolas,com aquela senhora de vermelho, na verdade eram minhas e que eu estava indo pegá-las. Inventaria um machucado, sei lá. Desci um ponto antes.

Swine Flu. Já virou até Trending Topic do Twitter por um dia. O que fazer? Eu é que não tenho a resposta. Enquanto isso, lavem as mãos, usem e abusem das máscaras. Quem sabe sirvam para afastar as pessoas, conseguir atendimento rápido na fila do banco ou um lugar vazio e algum espaço no ônibus, a pleno horário de pico. E coloquem a culpa no porco.

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